quarta-feira, 20 de junho de 2012

Fragmentos da RIO +20


RIO+20
ONGs lançaram análise da agenda socioambiental brasileira desde a Rio-92
No último sábado (16), 11 organizações da sociedade civil, entre elas a Fundação SOS Mata Atlântica, lançaram, na Cúpula dos Povos, no Rio de Janeiro, uma avaliação da agenda socioambiental brasileira dos últimos 20 anos. A análise indica que as políticas de preservação brasileiras retrocederam desde a Rio-92, com destaque para o novo Código Florestal Brasileiro. O estudo aponta outros retrocessos, como a redução de unidades de conservação, a fragilização do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) e do poder de fiscalização do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), os baixos investimentos em saneamento e a opção pela exploração de petróleo e gás como o principal foco dos investimentos no setor de energia entre 2011 e 2020. Confira a íntegra do documento. A análise foi apresentada no encontro Agenda socioambiental: avaliação dos avanços e obstáculos pós Rio-92, que contou com a presença de Mario Mantovani, diretor de Políticas Públicas da Fundação SOS Mata Atlântica, que alertou: “Existem hoje mais de 460 leis no Congresso para acabar com a legislação ambiental
leis ambientais RIO +20
Na tarde de ontem (18), uma mobilização organizada pelo Comitê em Defesa das Florestas e do Desenvolvimento Sustentável agitou o Centro do Rio de Janeiro para chamar a atenção da população para as alterações do Código Florestal e os retrocessos na legislação ambiental brasileira. Em trechos do percurso, os manifestantes caminharam de costas, em referência ao nome da manifestação: “Marcha a Ré”. O objetivo foi destacar como o País tem andado na contramão do desenvolvimento sustentável com o desmonte da agenda ambiental. Com apitos, flores, cartazes e algumas fantasias, cerca de 3 mil manifestantes se reuniram, às 14h, em frente ao Museu de Arte Moderna (MAM), de onde partiram em direção à sede do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O ato faz parte da nova campanha do Floresta Faz a Diferença: #oJogoNaoAcabou.
Acompanhe o vídeo – faça diferente – participe!!!
                

Por Monique Serrano – Ambientalista

segunda-feira, 18 de junho de 2012

GRUTA vai ao lançamento do filme Belo Monte -Anuncio de uma Guerra!

BELO MONTE ANUNCIO DE UMA GUERRA.


O filme de André D´Elia  pode ser considerado como um documentário técnico muito bem montado.
O foco no problema  socío ambiental é apresentado por entrevistas e colagens de material já publicado na midía .Os  personagens responsaveis são sempre os mesmos dentre eles podemos destacar o principal a ganâcia pelo dinheiro travestida de progresso e desenvolvimento.

O Auditorio São Paulo Recebeu 800 pessoas para Premier do filme

Causas:
houve falta de profundidade na avaliação do EIA RIMA.
A eletro Norte e os demais exploradores ficam com o lucro e a população local e os indígenas ficam com o problema.

Interesses:
6 Setores industriais responsaveis por 30% do consumo de energia de todo nosso país.

Descaso
O Presidende da FUNAI que deveria defender os povos indiginas se esconde atrás das leis da política nacional alegando que o acontecimento faz parte do processo de desenvolvimento do país.
A direcão da Eletro Norte não se manifesta, e na surdina toma decisões para as ações de instalação da hidrelétrica que autorizada pelo IBAMA em licença  provisória acaba gerando impactos inicias em toda a região.
O custo socio ambiental não esta sendo computado no projeto.

SEM NOÇÃO
Na época da Ditadura o ex-presidente LULA foi contra a implantação da Hidrelétrica hoje ele e sua Sucessora Dilma fazem campanha pró alegando que o desenvolvimento do Pais depende desta atrocidade...

Ideia

Alguns frames do filme foram traduzidos em telas pelo artista plástico Mundano


Como um País que comete uma barbárie desta, se apresenta ao mundo como um país exemplo em gestão ambiental...

Vamos propagar essa causa e salvar o rio Xingu e a Amazonia de uma grande barbárie...

O Ambientalista  e conselheiro do (CADES municipal  MG) Rogério Nogueira "SAMMY" conferiu a estreia e aprovou a causa e ideia do filme .


 jovens foram de skate ao lançamento do filme, mostrando que o skate pode ser uma opção de transporte sustentável.

O mundo precisa de transformações inteligentes e menos impactantes, o homem  deve respeitar  e ter atitudes preservadoras.

Parabéns André D´Elia pelo filme, jovens como você são essênciais no processo de mudança do país, por favor não se prostitua...
          

por G.R.U.T.A ( Grupo Universitário de Tecnólogos Ambientais)


sexta-feira, 8 de junho de 2012

Belo Monte, anúncio de uma Guerra!!! O filme estreia dia 17 de junho de 2012


Hoje, Belo Monte é um assunto nacional e internacional. Derrubou presidentes do Ibama, polemizou as eleições, tomou as redes sociais, foi às telas de cinema, e o governo está tendo que se defender.
Como é praxe dos que abusam, não explica, e ataca. Mas a luta pela vida do Xingu não é mais apenas dos que moram em suas barrancas. E por isso não é batalha perdida, nem nunca será. Estamos mais fortes e somos cada vez mais.
O movimento Xingu Vivo para Sempre há muito ultrapassou os limites de Altamira, é feito por cada pessoa que se organizou, que foi às ruas, assinou abaixo-assinados, escreveu nas redes sociais, nos jornais, fez estudos, discutiu nas comunidades, nas aldeias, nas escolas.



Belo Monte, anúncio de uma Guerra

Ocorre no Auditório Ibirapuera a primeira exibição do documentário Belo Monte, Anúncio de uma Guerra – maior caso de financiamento coletivo do Brasil, que narra conflitos relacionados à construção da Usina Hidrelétrica Belo Monte, em Altamira, Pará.

Iniciativa independente, após dois anos de filmagens nos arredores do Rio Xingu, o projeto foi finalizado com recursos obtidos por meio de crowdfunding (financiamento coletivo). Em 30 dias, conseguiu os maiores valor arrecadado e número de apoiadores neste tipo de ação: 140 mil reais de 3.429 apoiadores.

O documentário foca o ponto de vista dos índios, com apoio das associações e lideranças indígenas da região do Xingu, denunciando crimes ocorridos no processo e questionando o custo e a eficiência da obra, os objetivos políticos e os danos ambientais e sociais, que modificaram os hábitos dos povos da região e desequilibraram o ecossistema local.

Segundo o diretor André D’Elia, o filme prova que a obra da usina, desde o início, fere preceitos universais dos direitos humanos. “Os indígenas não tiveram nem mesmo os direitos garantidos pela Constituição respeitados. O filme dá voz a eles, que têm muito pouco acesso nos meios de comunicação tradicionais.”

Antes da sessão, os produtores do filme farão a entrega de obras exclusivas dos grafiteiros Mundano, Crânio e Armamento Visual para os principais colaboradores do projeto.
Projeto independente e coletivo

Sinopse: Belo Monte é uma usina hidrelétrica que o governo pretende instalar no coração da Amazônia, na Volta Grande do Rio Xingu, na cidade de Altamira, Pará. O documentário é um projeto independente e coletivo a respeito dessa obra, filmado durante três expedições à região do Rio Xingu, revelando os bastidores da mais polêmica obra planejada no Brasil, com entrevistas com os principais envolvidos, entre eles lideranças indígenas (como os caciques Raoni e Megaron), o procurador da República (Felício Pontes), o presidente da Funai (Márcio Meira) e políticos locais a favor da construção.

Ficha Técnica:

 
Direção: André D’Elia

 
Produção executiva: André D’Elia e Bia Vilela

 
Direção de produção: André D’Elia, Bia Vilela e Mauro Moreira

 
Direção de fotografia: Rodrigo Levy Piza e Federico Dueñas

 
Direção de som: Teo Villa e Diego Depane

 
Fotografia still: André D’Elia, André Souza, Federico Dueñas, Rodrigo Levy Piza, Mauro Moreira e Thiago Mundano

 
Desenho de som: Thacio Palanca

 
Motion grafics: Vital Pasquale

 
Montagem: Mauro Moreira

 
Trilha sonora: Beto Villares, Fabio Barros

 
Assistência de montagem: André Souza

 
Assistência de câmera: André Souza

 
Comunicação e marketing: Caio Tendolini, Digo Castello Branco, Daniel Joppert, Thiago Mundano

 
Grafite: Thiago Mundano

 
Pôster: Marcos Rodrigues

 
Consultor de conteúdo: Céu D’Elia

 
Site: Thais Sogayar

 
Empresa produtora: Cinedelia

 
Coprodução: Duca Filmes e Cinepro/dot

 
• Dia:17 de junho

 
• Horários:Domingo, 19h

 
• Duração:100 min

 
• Ingressos:GRATUITO

• Recomendado para maiores de 12 anos

terça-feira, 5 de junho de 2012

UM PROSPERO DIA DO MEIO AMBIENTE!!!



SALVE, SALVE!!!
UM PROSPERO DIA DO MEIO AMBIENTE!!!


A GESTÂO AMBIENTAL VISA ORDENAR AS ATIVIDADES HUMANAS, PARA QUE ELAS GERE O MENOR IMPACTO POSSIVEL SOBRE O MEIO AMBIENTE.

 A BUSCA POR UM AMBIENTE SAUDÁVEL É O OBJETIVO DE TODOS!!!

COMTEMPLEMOS ENTÃO O DIA DO MEIO AMBIENTE...

HOJÉ É UM DIA DE REFLEXÃO SOBRE NOSSAS ATITUDES A RESPEITO DO IMPACTO QUE CAUSAMOS AO MEIO AMBIENTE... PENSE...........MUDE........PRESERVE....... PMP


sexta-feira, 1 de junho de 2012

Política Nacional de Resíduos Sólidos: a responsabilidade é coletiva



Segunda, 28 de maio de 2012
Política Nacional de Resíduos Sólidos: a responsabilidade é coletiva. Entrevista especial com Elisabeth Grimberg “Já se têm acúmulos, instrumentos, expertises para se implantar a PNRS de forma plena”, assegura a especialista.
Confira a entrevista.
A instituição da Política Nacional dos Resíduos Sólidos – PNRS “mobilizou tanto o setor público como o setor privado e a sociedade civil, o que por sua vez tem gerado inúmeros debates que cumprem papel de formação”, avalia Elisabeth Grimberg, ao analisar os primeiros resultados da PNRS. Entre as propostas da PNRS está a de responsabilizar o fabricante, importadores, distribuidores e comerciantes pelas embalagens produzidas. Os benefícios dessa medida serão percebidos a médio e longo prazo, quando as empresas revisarem e repensarem o “padrão de produção, pois excesso de embalagens terão custos no pós-consumo e isto deverá ser um estímulo para a reprogramação de produtos e embalagens”, assinala.
Um dos desafios da PNRS é a adesão dos municípios à coleta seletiva dos resíduos úmidos domiciliares, atribuição da prefeitura e a implantação da logística reversa, ou seja, coleta seletiva dos resíduos secos domiciliares. Mas na avaliação da coordenadora da área de Resíduos Sólidos do Instituto Pólis, será possível terminar com os lixões até 2014 se os gestores municipais contribuírem para este processo. “É possível desde que os municípios sejam pró-ativos no sentido de se habilitar a acessar recursos públicos federais, por exemplo, disponíveis para a implementação de sistemas de recuperação de resíduos sólidos”, assegura.
Na entrevista a seguir, concedida por e-mail para a IHU On-Line, Elisabeth também comenta a PNRS e os desafios acerca da implantação completa da logística reversa. “Houve assinatura de termos de compromisso entre a Secretaria de Meio Ambiente do Estado de São Paulo e quatro setores da indústria – fabricantes de óleos lubrificantes, de embalagens de agrotóxicos, de pilhas e baterias portáteis (estes já têm ações há mais de 10 anos) e de produtos de higiene pessoal, perfumaria, cosméticos, de materiais de limpeza e afins (estes não tinham nenhuma iniciativa antes) para estabelecimento de logística reversa. Porém, o desafio é muito maior, porque está em questão o setor empresarial viabilizar a coleta seletiva, triagem e garantia de escoamento de 30% de todo o resíduo seco gerado em 5.565 municípios brasileiros”, esclarece.
Elisabeth Grimberg é coordenadora executiva do Instituto Pólis para a área de resíduos sólidos. Também compõe a coordenação do Fórum Lixo e Cidadania da Cidade da Cidade de São Paulo. É mestre em Sociologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS.
Confira a entrevista.
Quais os efeitos práticos da Política Nacional de Resíduos Sólidos – PNRS até o momento?
Elisabeth Grimberg – A instituição da PNRS e o processo público e participativo de construção do Plano Nacional de Resíduos Sólidos (2011) mobilizaram tanto o setor público como o setor privado e a sociedade civil, o que por sua vez tem gerado inúmeros debates que cumprem papel de formação. Os debates também repercutem positivamente porque pressionam especialmente prefeituras e setor empresarial a implementarem ações de sua responsabilidade, previstas na Lei número 12.305.
Será possível terminar com os lixões até 2014, conforme o previsto pela Política Nacional de Resíduos Sólidos
Elisabeth Grimberg – É possível desde que os municípios sejam pró-ativos no sentido de se habilitarem a acessar recursos públicos federais, por exemplo, disponíveis para a implementação de sistemas de recuperação de resíduos sólidos. A responsabilidade das prefeituras é de implantar a coleta seletiva dos resíduos úmidos (60% do total gerado nos domicílios) e destiná-los preferencialmente para compostagem. E a responsabilidade pela coleta seletiva dos resíduos secos (40% do total) é dos fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes, segundo a PNRS (Art.33, § 1º). O rejeito, sendo composto de resíduos secos, também é atribuição do setor empresarial.
Apesar de a lei diferenciar o que é lixo que não pode ser aproveitado e o que é passível de reaproveitamento, a informação é de que na cidade de São Paulo, por exemplo, apenas 1,17% do lixo é reciclado. Quais as razões do baixo índice de reciclagem?
Elisabeth Grimberg – A Prefeitura de São Paulo não apostou e não investiu no modelo criado no início de 2001, quando a então prefeita Marta Suplicy iniciou processo participativo de construção de um modelo socioambiental sustentável. Foram construídas 15 unidades de triagem operadas por cooperativas de catadores durante sua gestão. De lá para cá, passados quase oito anos, foram implantadas apenas cinco unidades, o que revela a falta de vontade política de implementar um novo padrão de gestão e destinação de resíduos em São Paulo.
Esse percentual é estendido às demais capitais ou cidades do Brasil?
Elisabeth Grimberg – A média de desvio de resíduos de aterro sanitário por ações de recuperação, seja realizadas por catadores seja por intermediários (sucateiros), é estimada entre 10 a 15%. Encontram-se, porém, cidades que chegam a recuperar até 23% dos seus resíduos em programas oficiais de coleta seletiva, que é o caso de Londrina-PR.
O que dificulta a adesão de muitos municípios brasileiros à coleta seletiva?
Elisabeth Grimberg – Antes da PNRS pode-se atribuir essas dificuldades à cultura política que rege a gestão de resíduos, ou seja, tratar resíduos reaproveitáveis como lixo e jogá-lo, portanto, nas costas da cidade, em lixões – uma forma de não ter despesas com tratamento adequado. Em parte também porque, para implantar coleta seletiva, é preciso investimentos/orçamento para tal, e uma maior capacidade técnica e gerencial para implementar um sistema que funcione a contento – programa de educação da população para separar adequadamente, sistema de controle e punição para os que não aderirem, unidades de triagem e investimentos na estruturação de cooperativas de catadores para viabilizar sua integração de forma digna e sustentável. Isso tudo requer também planejamento estratégico, algo que não é muito frequente ocorrer nos municípios brasileiros. Contudo, a partir de 2010, esta atribuição passou a ser dos geradores, do setor produtivo – fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes – que deverá investir na estruturação e operação de toda a cadeia da recuperação dos resíduos secos.
Como os estados e municípios têm se organizado no sentido de elaborar planos de ação para garantir o destino correto do lixo? Já é possível perceber algum movimento nesse sentido?
Elisabeth Grimberg – Sabe-se que têm municípios elaborando seus Planos Municipais de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos – PMGIRS, mas quantos são e em que estágios estão, não se sabe.
Quantos mil catadores estão integrados ao sistema de recuperação dos resíduos?
Elisabeth Grimberg – Segundo pesquisa do IPEA, hoje são em torno de 40.000 a 60.000 catadores, organizados em 1.100 cooperativas ou associações no país.
A logística reversa já está sendo aplicada?
Elisabeth Grimberg – A logística reversa está sendo aplicada parcialmente para coleta de alguns produtos pós-consumo, mas não de forma a abranger a totalidade dos resíduos gerados, tais como pneus, pilhas, baterias, que já eram alvo de resoluções Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA. Outros resíduos que foram introduzidos como de responsabilidade dos fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes ainda não foram devidamente contemplados, tais como eletroeletrônicos, lâmpadas fluorescentes, mas principalmente os resíduos secos domiciliares – papel/papelão, vidro, metal e plástico não estão sendo contemplados por sistema de logística reserva.
Como estão os acordos nesse sentido entre o poder público e o setor privado?
Elisabeth Grimberg – Houve assinatura de termos de compromisso entre a Secretaria de Meio Ambiente do Estado de São Paulo e quatro setores da indústria – fabricantes de óleos lubrificantes, de embalagens de agrotóxicos, de pilhas e baterias portáteis (estes já têm ações há mais de 10 anos) e de produtos de higiene pessoal, perfumaria, cosméticos, de materiais de limpeza e afins (estes não tinham nenhuma iniciativa antes) para estabelecimento de logística reversa. Mas o desafio é muito maior, porque está em questão o setor empresarial viabilizar a coleta seletiva, triagem e garantia de escoamento de 30% de todo o resíduo seco gerado em 5.565 municípios brasileiros. A responsabilização do setor empresarial, considerado na lei como poluidor-pagador, pode se dar por meio do custeio desta atividade contratando, por exemplo, diretamente cooperativas de catadores para operarem as etapas de coleta, triagem e pré-beneficiamento dos materiais recicláveis. Podem também repassar os recursos para que as prefeituras coordenem estes serviços e, nesse sentido, também a proposta é que contratem as cooperativas para os executarem.
Certamente, o setor produtivo, especialmente as grandes multinacionais, que têm acúmulos com a operação de logística reversa nos países europeus, saberá como adaptar estas experiências à realidade brasileira. Além disso, temos no país uma extensa rede de atores que têm vivências significativas e que poderá ser chamada para pensar e desenhar junto como implantar este sistema e orientar os municípios nas diversas alternativas para melhor implementar a PNRS: Movimento Nacional de Catadores de Materiais Recicláveis – MNCR, 994 prefeituras que têm programas de coleta seletiva, inúmeras ONGs que têm colaborado na implantação de programas de coleta seletiva com integração de catadores. Também instituições de pesquisa, como IPEA, já produziram uma série de análises que podem subsidiar tanto o setor empresarial como o setor público na estruturação de soluções ambientais, sociais e econômicas sustentáveis.
Quais as implicações do processo de incineração dos resíduos?
Elisabeth Grimberg – A incineração tem impactos nocivos à saúde humana, ao meio ambiente (os poluentes são biocumulativos), gera desperdício ao não garantir o alargamento da vida útil dos resíduos passíveis de reciclagem, gera menos postos de trabalho (a incineração de dez mil toneladas de resíduos por ano gera um posto de trabalho, ao passo que sua recuperação pode gerar 647 postos de trabalho), e praticamente desconsidera a presença e contribuição dos catadores na cadeia do reaproveitamento.
Os custos também são exorbitantes e deixam dívidas para gestões posteriores a que a implanta. Além disso, ao se queimar desconsidera-se a alternativa de aproveitamento de 90 a 95% dos resíduos para finalidades ambientalmente saudáveis e duráveis: compostagem e reciclagem. Os aterros sanitários podem ser utilizados de forma consorciada por um conjunto de municípios que estariam destinando apenas 5 a 10% dos seus resíduos para estes locais, ou seja, o rejeito. Com isso aterros teriam longa vida útil.
Como dar conta do lixo produzido numa época em que a obsolescência tecnológica e o consumo de produtos embalados imperam e, obviamente, se descartam mais papel, plástico e embalagens de modo geral?
Elisabeth Grimberg – A lei ao responsabilizar fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes deverá levar a médio e longo prazo a uma revisão e reprogramação do padrão de produção, pois o excesso de embalagens terá custos no pós-consumo e isso deverá ser um estímulo para a reprogramação de produtos e embalagens. Também produtos tais como eletroeletrônicos (computadores, telefones etc.), eletrodomésticos, entre outros, poderão ter estruturas duráveis e serem recondicionáveis de tal forma que possam ser substituídos por mecanismos/motores ecoeficientes, o que reduzirá a geração de resíduos. Caberá à sociedade pressionar por uma legislação que exija mudanças no padrão de produção industrial na direção contrária à obsolescência programada e também ações cidadãs no sentido da recusa ao consumo de bens com este perfil. As redes sociais são potentes e poderão cumprir este papel de conscientizar e mobilizar a sociedade para que atue sobre fabricantes e o Estado.
Que aspectos da Política são mais difíceis de serem implantados?
Elisabeth Grimberg – Não creio que haja aspectos difíceis de serem implantados; já existem acúmulos, instrumentos, expertises para se implantar a PNRS de forma plena.
Matéria publicada no site http://www.ihu.unisinos.br/