terça-feira, 31 de julho de 2012

PRESERVA-ME OU TE DEVORO

PRESERVA-ME OU TE DEVORO
O primeiro Código Florestal surgiu em 1934, foi renovado em 1965 e hoje está no centro de acirradas disputas entre ruralistas e ambientalistas.
ϔ por Monique Serrano – ambientalista ϔ
Voltemos a consciência á memória do patrono da ecologia no Brasil, o naturalista Augusto Ruschi (1915-1986), homem que doou sua vida inteiramente á defesa obstinada da natureza. Curiosamente, a família Ruschi carrega a tradição de centenas de anos dedicados ao trabalho com ciências e plantas (seus ancestrais foram colegas de Michelangelo e Galileu Galilei). Até no sobrenome a ambientalista leva a insígnia da natureza: “Ruschi, na verdade, é uma espécie de arbusto chamado Ruscus aculeatus, o azedinho do campo”. Autoridade maior em Mata Atlântica, ele também foi pioneiro em denunciar a derrubada de árvores na Amazônia. Um de seus grandes feitos foi em 1951, durante a conferência da Organização das Nações Unidas, onde propôs uma ideia ousada naqueles dias: a criação de reservas ecológicas – as quais, depois disso, difundira-se mundo afora. E, no Brasil, resultou em áreas de preservação, como a Reserva de Santa Lúcia, em Santa Teresa – ES, sobre a qual há uma emblemática – para não dizer heroica história.
Em 1977, o governador capixaba Élcio Álvares decidiu implantar uma fábrica de palmitos no terreno da reserva, a qual Ruschi defendeu, literalmente, com "unhas, dentes e uma arma de fogo engatilhada”.  No dia em que os fiscais do Estado apareceram para desapropriar a área, o ecologista, empunhando uma espingarda, os advertiu de que “ou o governador mudava de ideia ou iria pessoalmente ao palácio para matá-lo”.
No fim, a reserva foi salva e, com ela, os beija-flores (dos quais ele fora grande autoridade mundial) que nela moravam. “A alegria do canto desses beija-flores ninguém vai silenciar enquanto eu existir”, bradou.
Que neste momento de legitimação do Código Florestal, o espírito de Augusto Ruschi - e a proteção de Curupira e do Boitatá – estejam com o BRASIL.

Augusto Ruschi

10 motivos para preservar as Florestas do Brasil
1.     O Brasil abriga 20% de todas as espécies do planeta.
2.     A Amazônia ocupa metade de Brasil e abriga 2/3 de todo o remanescente florestal brasileiro atual.
3.     O Brasil detém 12% das reservas hídricas do planeta.
4.     Já perdemos cerca de 20% da Amazônia, o limite estabelecido pela lei.
5.     Na Mata Atlântica, bioma de mais longa ocupação no Brasil, 93% já foram perdidos.
6.     Perdemos 48% do cerrado, 45% da caatinga, 53%dos pampas e 15% do pantanal.
7.     O Brasil é o 4º maior emissor de gases de efeito estufa, que provocam o aquecimento global, principalmente porque desmatamos muito.
8.     61% das nossas emissões vêm do desmatamento e queima de florestas nativas.
9.     60% da vegetação nativa do Brasil está contida nas reservas legais – instrumento de preservação do Código Florestal que os ruralistas tentam eliminar.
10.                       Se as taxas de desmatamento registradas até 2008 forem mantidas em todos os biomas, perderemos o equivalente a três estados de São Paulo até 2030.


Fontes: MMA, IBGE, FAO, SOS MATA ATLÂNTICA, EMBRAPA.

quarta-feira, 18 de julho de 2012

GUARDIÕES DA NATUREZA

GUARDIÕES DA NATUREZA

Eles se dedicam a cuidar de animais que sofrem maus-tratos e deixam um legado de preservação.

Chimpanzé Omega do Instituto Anami –Pr.
Eles só faltam falar. E não é balela de algum dono que acha o seu bicho de estimação mais inteligente . Dino, Caíque, Lucas, Mateus, Johny e outros 18 chimpanzés  que vivem no Instituto Conservacionista Anami compreendem pedidos e ordens e os atendem. Quando querem, claro.
 Eles têm histórias diferentes, mas com elemento em comum: foram vítimas de maus-tratos.
Um exemplo é Omega, que ficou famoso em 2010, como o macaco fumante. Ele veio  do Líbano, onde vivia em péssimas condições em um zoológico, depois de ter sido capturado ainda bebê por contrabandistas, ser baleado, viver na casa de uma família e trabalhar como garçom.
Após o acolhimento no Anami, em São José dos Pinhais – Pr. ele largou o vício, ganhou um lar apropriado, uma companheira e muito carinho.
A existência desses Institutos foi prevista na Lei de Proteção a Fauna, de 1.967.
Mas só a partir de 1.993 o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (IBAMA) começou a publicar portarias e instruções normativas para ordenar a criação de animais silvestres em cativeiros. Os objetivos eram diminuir o tráfico e permitir que as pessoas tivessem esses animais de forma legal.
O que não significa apenas lícito, mas também que o trabalho desenvolvido nesses locais é significativo.

O IBAMA CLASSIFICA OS CRIADOUROS DE ANIMAIS SILVESTRES EM QUATRO TIPOS.


CONSERVACIONISTA: apoiam as ações do IBAMA na conservação das espécies, mantendo os animais em condições adequadas de cativeiro e dando subsídios no desenvolvimento de estudos sobre sua biologia e reprodução. Os animais não podem ser vendidos ou doados, apenas intercambiados com outros criadouros e zoológicos.

COMERCIAIS: produzem as espécies para comércio, seja do próprio animal ou de seus produtos e subprodutos.

COMERCIAIS DA FAUNA EXÓTICA: regulamenta a criação de animais exóticos, ou seja, animais provenientes de outros países, como Javalis.

CIENTÍFICOS: além de conservar, realizam atividades de pesquisas científicas com animais silvestres.

Por Monique Serrano – ambientalista.
Fonte: Gazeta do Povo- 27/05/12- viver bem.

quinta-feira, 12 de julho de 2012

Os resultados da Rio+ 20 na Visão do Premio Nobel Mario Molina


“A Rio+20 não foi exatamente um bom exemplo de progresso nas discussões. Acho que poderemos fazer alguns acordos internacionais, mas não agora, temos que esperar uns anos mais”. Assim o cientista mexicano Mario Molina, Prêmio Nobel de Química em 1995, resumiu a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável – Rio+20, que ocorreu no mês passado, no Rio de Janeiro. Ele participou de diversas discussões relacionadas a temas de meio ambiente durante o 62º Lindau Nobel Laureate Meeting, evento que reuniu 27 ganhadores do Prêmio Nobel e 592 jovens cientistas em Lindau, no sul da Alemanha, de 1º a 6 de julho.
Químico de formação, Molina tornou-se célebre por descobrir que os clorofluorcarbonetos (CFC) são nocivos à camada de ozônio. Em 1995, ele dividiu o Prêmio Nobel com Paul Crutzen e Sherwood Rowland “por seu trabalho na química atmosférica, em especial a que estuda a formação e decomposição da camada de ozônio”. Para Molina, a Rio+20 foi prejudicada pela conjuntura atual na economia mundial, afetada pela crise, mas funcionou como uma “chamada para despertar” a consciência das pessoas.
“A mensagem mais forte é que se não nos preocuparmos com o meio ambiente, o custo será muito maior, será mais difícil realizar o desenvolvimento econômico”, ressalta, lembrando que é importante estimular o trabalho conjunto de cientistas e economistas. “Precisamos nos comunicar mais entre nós e com a sociedade para repassar que precisamos fazer mais sacrifícios para resolver o problema”, pontua.
Conselheiro do Governo do presidente Barack Obama para temas de Ciência e Tecnologia (Molina construiu uma sólida carreira nos Estados Unidos), ele aponta a política interna dos EUA como um dos principais entraves para acordos internacionais, especialmente as forças dentro do Partido Republicano. Porém, afirma que dentro dessa ilha conservadora há representantes “com ideias mais racionais que as linhas de seu partido” e lembra que cerca de metade da população americana “está pronta para aceitar mudanças” nos padrões de comportamento. “Isso me faz mais otimista”, conta.
Polêmica
Ele acredita na teoria que relaciona as atuais tragédias provocadas por enchentes, furacões e outros fenômenos naturais a atividade humana e crê que esse tipo de acontecimento “vai empurrar a sociedade a reagir”. Perguntado sobre o que acha das opiniões de físico Ivar Giaever, que, em sua conferência em Lindau classificou como uma “nova religião” a questão do aquecimento global, Molina não pensou duas vezes em criticar o cientista norueguês.
“Infelizmente, o doutor Giaever ganhou um Prêmio Nobel em um campo da Física que não tem nada a ver com mudanças climáticas. Ele mostrou em sua palestra que não sabe nada de mudanças climáticas, cometeu erros enormes, então, é uma pena”, opina. Premiado com o Nobel de Física em 1973 por suas experiências com semi e supercondutores, Giaever hoje virou uma referência entre os cientistas que negam a influência das ações humanas nas mudanças climáticas.
Giaever trata como “casos isolados” tragédias como o furacão Katrina em Nova Orleans. “Eu gostaria de sentar e conversar com ele, introduzir um pouco de consciência para que ele pesquise mais. Não basta entrar na internet e buscar uns dados por alguns minutos, você deve explorar a literatura científica. Acho que foi muito embaraçoso ter um Prêmio Nobel prestando esse papel ridículo”, dispara Molina.
Hidrelétricas
O cientista mexicano opinou também sobre outro tema controverso, a construção de hidrelétricas, em especial as que envolvem deslocamentos de população e uso de áreas produtivas. “Todas as mudanças têm algum impacto e a expectativa é que os positivos se sobressaiam. A energia hidrelétrica tem o lado bom de não contaminar o meio ambiente, mas é preciso fazer isso de forma adequada”, opina.
Molina conta que a “tendência moderna” nesse campo é construir mini-hidrelétricas, para justamente minimizar essas consequências. “Em nosso continente [América Latina] não exploramos o potencial de mini-hidrelétricas. No entanto, o que realmente precisamos priorizar é a não utilização de combustíveis fósseis. Ainda que seja um custo adicional no momento, ele é muito menor que o dano que vai causar”, reforça.

Ele acredita que a América Latina precisa “parar de importar porcarias” e padrões de tecnologia que muitas vezes funcionam apenas nos países mais desenvolvidos. “O continente precisa estar pronto para, por exemplo, ser um piloto de desenvolvimento de energia solar. A Alemanha a usa em larga escala e não tem tanto sol quanto zonas tropicais”, ilustra, ressaltando também a importância de capacitar pessoas, promover incentivos, cooperar com países em desenvolvimento, educar o público a respeito das ameaças ao meio ambiente e remover subsídios aos combustíveis fósseis.
Fonte: Clarissa Vasconcellos, do Jornal da Ciência
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